terça-feira, 24 de junho de 2008

Petrobras confirma contratação de 24 embarcações para campos de Tupi e Júpiter

A Petrobras dá início à contratação de 146 novas embarcações de apoio às suas atividades offshore. As encomendas integram o Plano de Renovação da Frota de Embarcações da empresa e serão feitas à indústria naval brasileira ao longo dos próximos seis anos. O anúncio foi feito durante a cerimônia de lançamento, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da Política de Desenvolvimento Produtivo do Governo Federal, ontem, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.

A primeira licitação prevê a contratação de 24 embarcações e já está em andamento. As demais serão feitas até 2014, com prazos contratuais de oito anos. Todas as embarcações, uma vez construídas, serão afretadas à Petrobras pelas empresas licitantes. O conteúdo nacional de toda a nova frota deverá alcançar, por contrato, entre 70% e 80%, dependendo do tipo de embarcação.

O valor total das 24 embarcações pode alcançar US$ 1,5 bilhão, conforme apurou o jornal Valor Econômico. As empresas interessadas têm prazo até 30 de julho para entregar as propostas. Os navios fazem parte de um pacote maior que inclui 146 embarcações a serem feitas no Brasil, com aumento do conteúdo nacional, até 2014, investimento estimado em cerca de R$ 10 bilhões.
Executivo de uma empresa disse que a licitação inclui a construção de dois navios de apoio offshore nunca antes feitos no Brasil. São os chamados ORSVs (sigla em inglês de Oil Recover Supply Vessel), navios que atuam no combate a derramamento de óleo mas que têm outras aplicações. Além dos ORSVs, a licitação inclui quatro PSVs (Plataform Supply Vessel), tipo de navio offshore mais construído nos estaleiros nacionais; e 18 AHTS (Anchor Handling Tug Supply). Quem ganhar a licitação, assinará contrato de oito anos, renovável por igual período, para prestar serviços à Petrobras.

Das 146 embarcações programadas, 54 serão empregadas no manuseio de âncoras de grande porte, dez nas atividades de reboque e 64 em atividades de suprimento. Além dessas, serão contratadas 18 embarcações voltadas para operações de recolhimento de óleo exigidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para cobertura das áreas de exploração e produção de petróleo e gás natural. Estima-se que durante as obras cada embarcação gerará cerca de 500 postos de trabalho. Além disso, quando a frota estiver em plena operação abrirá vaga para aproximadamente 3.800 tripulantes. O programa busca renovar a frota offshore em operação no Brasil e atender ao aumento da produção de petróleo e gás. Os projetos dos navios a serem licitados levam em conta os desafios de produzir petróleo cada vez mais longe da costa e a maiores profundidades. É o caso dos campos de Tupi e Júpiter na área conhecida como pré-sal da bacia de Santos. Um executivo afirmou que os novos navios contemplam redução com gastos de combustível e aumento da velocidade.

As embarcações também terão de ser equipadas com sistemas de tanques para segregar resíduos da perfuração. Na maioria dos navios, hoje em operação, este tipo de material é colocado a bordo em recipientes como contêineres. É um sinal da maior preocupação com questões ambientais, disse o executivo.

Um empresário do setor afirmou que a licitação prevê conteúdo nacional de 70% para os AHTS e ORSVs e de 80% para os PSVs. Os índices excluem os itens mais sofisticados e caros dos navios como sistemas de propulsão e motorização, entre outros. "A iniciativa do programa é excelente", disse Ronaldo Lima, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam). Ele reconheceu que os estaleiros terão de se preparar para atender a demanda, assim como a Marinha terá a tarefa de aumentar a formação de pessoal para tripular um maior número de navios. Um PSV exige duas tripulações com cerca de 13 pessoas cada uma.

Uma das dúvidas levantadas pelo programa da Petrobras é se os estaleiros terão capacidade instalada para atender a demanda a ser colocada pela estatal. Há hoje pelo menos cinco estaleiros no país focados na construção de navios para o segmento offshore: Promar, Aliança e Mac Laren, todos deNiterói (RJ); Navship, de Navegantes (SC); e Wilson, Sons, do Guarujá (SP). Juntos eles têm capacidade para construir cerca de 19 embarcações por ano e estão com grande número de encomendas em curso. (Com matéria de Francisco Góes/Valor Econômico)

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